UM OLHAR PARA 2050 NA REVISTA FRONTLINE

UM OLHAR PARA 2050 NA REVISTA FRONTLINE

03
ABR
2024

Artigo sobre a Optocentro 2050 na Revista FRONTLINE, edição de Abril de 2024

A vontade de perscrutar o futuro no sentido da antecipação do que poderá vir a acontecer é, evidentemente, uma característica dos seres humanos. Até ao início da era digital, as séries de televisão e milhares de metros em película cinematográfica, divagaram entre teorias de mundos novos e teorias da conspiração ingurgitando as mentes mais criativas. Para uns e para outros, não será apenas a curiosidade que explora esse desejo. A vontade de controlar o futuro é uma aspiração da humanidade. Ainda que a ambição oriente a maioria das pessoas, para alguns, muito menos do que desejaríamos, persiste a natureza altruísta do bem comum.


As novas instalações da Optocentro na Avenida António Augusto de Aguiar 32 -A, expressam uma linguagem retrofuturista, assente na premissa de que o espaço deve resumir uma ideia e a ideia reproduzir histórias que reflitam uma realidade. Do passado, ao expormos peças antigas que ilustram a evolução da ótica, também partilhamos o trajeto do nosso crescimento enquanto organização conhecedora dos seus compromissos históricos. Aproveitamos a oportunidade para imprimir a metáfora do futuro em cada m2 que o desafio dos 720 metros de área nos proporcionam. O mote aspiracional não poderia estar arredado de um dos princípios fundamentais da sociedade: a Sustentabilidade e o que ela representa, valores que simbolizam o futuro e, na sua plenitude, a vida. Projetamos nele os objetivos da Comissão Europeia para 2050 em matéria de ambiente, conscientes da relevância de cada decisão em cada momento da obra. Reciclar, no contexto da Economia Circular foi o argumento conceptual, patenteado no reaproveitamento do chão em granito, nas paredes em madeira, vidros, armários, condutas e luminárias. A escolha de um teto esventrado expondo imperfeições, emprestou-lhe um estilo nova-iorquino, industrial, convictamente informal. Os tons em cinzento dominam o chão e espreguiçam-se pelas paredes com alguma monotonia, somente interrompida pelo veludo vermelho dos braços e assentos das cadeiras e pelos reposteiros que evidenciam o pé direito da loja. Meia dúzia destas cadeiras, compradas na OLX, fazem parte do espólio da cultura portuguesa, a cadeira Lusa. Também em segunda mão, foram restaurados bancos de jardim em ferro e madeira, colocados em zonas de espera, aonde uma escada de biblioteca com rodas, em tons de vermelho e antracite, facilita o acesso aos armários de arrumação dos estojos. À entrada, no hall, encontram-se três floreiras com uma instalação a que intitulamos, "São rosas senhores" numa alusão à lenda da história de Portugal, "O milagre das rosas". As pétalas das rosas são feitas a partir de lentes e, a terra das floreiras, são os resíduos do pó e das aparas do corte feito pelas máquinas automáticas. A imagem corresponde ao milagre da reutilização.


O comprometimento com a Sustentabilidade não se ficou pelo conceito da Economia Circular. No ecossistema da ótica, a água desempenha um papel importante no complexo processo de fabricação de uma lente. Assume funções de limpeza, refrigeração e acompanha as etapas do corte da patela, do tratamento de superfícies e do polimento. Em loja, já na posse do técnico de ótica, a lente será sujeita ao corte e polimento de bordos de acordo com o formato da armação. Na cadeia de produção da lente, desde a origem até ao consumidor final, o consumo de água poderá atingir qualquer coisa como 30L por lente. Para conter o desperdício deste recurso natural vital, a nova oficina de ótica passou a ter dois sistemas hidráulicos ecológicos com filtro centrifugador integrado, reduzindo o consumo na ótica dos 12L a 15L para 0.025L de água por lente. Os resíduos do corte passaram a ser adequadamente armazenados para posteriormente serem recolhidos e tratados por uma empresa de gestão de resíduos. Sem menosprezar a qualidade da iluminação do espaço, procurou-se nos LED e nos sensores de luz maior eficiência energética, garantindo um ambiente confortável através de um sistema de climatização programável.


Enquanto os hábitos de consumo não forem modelarmente centrados na defesa e promoção da Economia Circular, por oposição ao da Economia Linear, dificilmente atingiremos os objetivos da União Europeia propostos para 2050. Incentivar a produção local e regional, acabar com a depleção dos recursos naturais e encontrar substitutos biodegradáveis são algumas das práticas essenciais para garantir o sucesso daquela meta. Na origem, aquando da produção, o uso de matérias primas de maior qualidade, conduz a produtos mais duráveis, sendo estes um estímulo à economia de reutilização.
Assente em todos estes conceitos, a Optocentro desenvolveu o programa Reframed, comercialização de óculos em segunda mão. A coleção apresenta um grande dinamismo e diversidade tendo sido construída através da compra a consumidores e a alguns dos nossos colaboradores. Depois de efetuarmos a apreciação do interesse comercial, cada peça é sujeita a uma rigorosa inspeção técnica dos nossos especialistas para depois se estabelecer a negociação com o proprietário. Os componentes da armação que se encontrarem fragilizados, são substituídos por peças novas, originais. Dispomos de alguns modelos de marcas icónicas como a Cartier, Lindberg e Silhouette e os preços são deveras convidativos. A cultura de reutilização não é comum no setor, sendo esta a primeira grande barreira a ultrapassar pela indústria e pelos consumidores.


De todos os sentidos humanos, a visão é a ferramenta mais valiosa no contexto dos estímulos da revolução digital. Erradicar a cegueira e a perda de visão evitável é um dos objetivos de desenvolvimento sustentável e que conta com o apoio incondicional das Nações Unidas. Ao ritmo a que se estão a desenvolver os problemas refrativos e com particular evidência para a miopia, prevê-se que em 2050, metade da população em todo o mundo, cerca de 4,4 mil milhões de pessoas sofrerão de miopia. É expetável uma forte pressão na procura dos serviços de cuidados visuais e, obviamente, um maior consumo de óculos e lentes de contato. A indústria da ótica e todos os profissionais do ecossistema da saúde visual, irão ter desafios que se situarão muito para além do que tradicionalmente hoje, o setor representa. A odisseia imaginária do futuro estará presente na tecnologia adaptável das lentes e armações inteligentes. Numa interação com o corpo, monitorizando e sinalizando o seu funcionamento no campo da saúde preventiva e do comportamento humano. Os dispositivos para além de poderem vir a ter uma ação multidisciplinar, poderão contribuir para uma visão melhor do mundo que nos rodeia.
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